Relatos iniciais do DIVERSA

Projeto Trina Esportiva da Villa

Professoras: Leiliane Felício da Silveira (Educação Física) e Valdecy Mary Pereira Santos (Psicopedagoga/educação física – Dr. Fernando Pondé/coordenadora de visitas externas NACPC)

Escola Municipal Dr. Fernando Montanha Pondé/ Núcleo de Atendimento a Criança com Paralisia Cerebral – NACPC/ Villa da Criança

Apresentação

Acreditar em um sonho. Confiar no destino. Crer que cada um tem uma missão. Crer que a obra de um homem deve sobreviver a ele e servir ao próximo. Não é necessário muito para ouvir, perceber e acolher aquele que apenas parece ser diferente, por isso tão julgado e incompreendido, entretanto tão igual em sentimentos, em sonhos, em expectativas.

Dentro dessa perspectiva, surgiu o Projeto Trina Esportiva da Villa NACPC & Escola Municipal Dr Fernando Montanha Pondé que baseia-se em um tripé esportivo através da implementação do Projeto “Golfinhos e Piabas”, Futebol de Sete e Bocha Adaptada.

O projeto Trina Esportiva da Villa teve a intenção de propor solução para uma das barreiras definidas após uma fase de levantamento diagnóstico: ausência de atividades esportivas coletivas que incluam tanto os estudantes com como sem deficiência, o que dificulta o convívio entre as crianças com paralisia cerebral das escolas Transitória e AEE e as crianças sem deficiência da escola regular.

Objetivo

Desenvolver a cooperação e o espírito de participação entre os pares com e sem deficiência da Escola Municipal Montanha Pondé e as demais crianças com paralisia cerebral que estudam em outras escolas municipais e realizam atendimento de Saúde e AEE no NACPC, através dos esportes adaptados e dos jogos e brincadeiras.

Metodologia e estratégias

Após a definição do objetivo geral, definimos como esportes prioritários: Bocha Adaptada para os mais graves motoramente, Futebol de Sete, para os que deambulam (andam) e Natação para todos, através do projeto já existente “Golfinhos e Piabas” que prevê a participação dos cuidadores para os estudantes com maior comprometimento motor.

A estratégia acima serviu apenas para os festivais que aconteceram aos sábados, após uma semana de vivência de cada esporte, pois, todos os alunos inscritos nas aulas de educação física, que aconteceram durante todo o mês de setembro, participaram dos “treinos” semanais de cada esporte, e todos que desejaram se inscrever puderam participar dos festivais aos sábados.

No dia 31 de agosto foi realizado o lançamento do projeto na escola, quando contamos com a presença de professores de Educação Física para palestrar sobre paradesportos, especificando os esportes trabalhados no projeto e sua contribuição para a inclusão, sendo dois convidados externos: as professoras responsáveis pelo projeto e a professora de natação da instituição, além da coordenadora geral da instituição. Todos os pais e estudantes da instituição, professores, coordenações e direção foram convidados a comparecerem.

Iniciamos os trabalhos com Hino Nacional Brasileiro cantado por todos, depois a apresentação dos objetivos do projeto, logo após tivemos as palestras sobre os esportes adaptados. Após a última palestra com o tema “Bocha”, tivemos uma demonstração do jogo pelos alunos presentes. Os pais que acompanhavam as crianças pediram para jogar também, num momento de grande alegria para todos os presentes.

Na primeira semana do mês de setembro, iniciamos vivência do esporte adaptado “Bocha” que seria primeiramente direcionado às crianças com maior comprometimento motor, por entendermos que estes possuem maior anseio de participação em esportes e da necessidade de inclusão com estudantes sem deficiência. Por ser perceptível certa resistência dos estudantes da escola regular, incluídos este ano, em se aproximarem dos estudantes com deficiência, por não conhecerem a potencialidade dos estudantes com deficiência, pensamos em designá-los como auxiliares do esporte, exemplo: arbitragem, calheiro, etc.

Reunidos em uma sala ampla estudantes com paralisia da Escola Transitória e estudantes do 1º ano sem deficiência pintaram números de 01 a 10 para depois colarem em papel metro, formando um tapete para treino do jogo de Bocha, somando os pontos de acordo com os números onde a bola parasse. Foi um momento ímpar para nossa escola quando alguns estudantes sem deficiência pediram para auxiliar os com deficiência, sem a necessidade de intervenção dos professores.

O processo de inclusão aconteceu de forma natural com a aceitação do esporte por todos os alunos da escola, foram realizados jogos de grupos mistos, até mesmo os pais e responsáveis solicitaram a participação no jogo, sendo que todos jogaram sentados em cadeira de rodas.

Com o feriado de 7 de setembro, agendamos o Festival de Bocha para dia 14. Na terceira semana iniciamos a vivência do Futebol. Durante as aulas de educação física, os estudantes da Educação Infantil, Ensino Fundamental, Escola Transitória e AEE, jogaram futebol adaptado, ora diminuindo a área de jogo, ora utilizando uma bola maior para os cadeirantes, e até no Festival, nosso campinho precisou ser adaptado, não seguindo as regras do esporte. Por fim, o projeto “golfinhos e piabas”, existente desde 2007. Começamos com uma atividade aquática lúdica envolvendo estudantes, primeiro com acompanhantes, depois grupos mistos de toda a escola, além de convidados que acompanham os estudantes durante a sua permanência na escola.

Tivemos momentos de ações interdisciplinares entre as áreas de saúde NACPC e a escola, entre os pedagogos e a educação física, quando estes puderam auxiliar os estudantes com maior dificuldade durante a prática. A coordenação e direção da escola e NACPC, nos apoiaram com materiais esportivos, registro fotográfico, além de lanche e transporte para os estudantes participantes dos festivais. A SETRE – Secretaria de Trabalho, Emprego, Renda e Esporte através da Diretoria de Esporte doou 45 medalhas para premiação.

Planejamos a entrega de medalhas e dos certificados de participação, além das finais de cada esporte na semana do Dia da Criança, porém por conta do tempo chuvoso tivemos baixa frequência, sendo impossível realizar a final do futebol que foi reagendada para dia 30 de novembro.

Enfim, não precisamos de muito para fazer as coisas acontecerem, basta ter sensibilidade e vontade: parafraseando a escritora baiana Mabel Velloso “ter a carta do ABC na manga, ou seja, Amor, Bondade, Carinho e tudo acontece e faz a gente ser feliz na vida!”

Participantes do Curso “Portas Abertas para Inclusão” 2013.

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