Relatos iniciais do DIVERSA

A EMEF Prof. Gilberto Jorge Gonçalves da Silva tem 315 alunos, destes 31 com deficiência ou transtornos globais do desenvolvimento. É importante destacarmos alguns aspectos fundamentais para a manutenção do Projeto Político Pedagógico: a Gestão democrática, o Trabalho em Equipe, a Formação continuada dos professores, Práticas pedagógicas significativas: projetos pedagógicos, assembleias escolares e a Avaliação institucional para definição de metas anuais de trabalho. 

Para nós, a inclusão é um processo complexo e permanente que envolve a escola e a comunidade. Exige a problematização das concepções de ensino e aprendizagem, currículo e avaliação e a disponibilidade para aprender novas formas de organização do contexto educativo, com vistas a possibilitar a permanência e a aprendizagem de todos os alunos na escola. Afirmamos a necessidade de pensar a escola a partir das diferenças e de seu potencial para a promoção da Escola pública de qualidade para todos.

A escola no decorrer dos anos desenvolveu projetos visando atender todos os alunos nas suas necessidades. Nos anos 2000, a escola modificou sua organização curricular e passou a ser organizada por Ciclos de Formação – 3 ciclos com 3 anos cada um. Também desde essa época organizamos o ensino através de projetos de trabalho.

Na proposta de ciclos da cidade estava prevista turma de progressão para enturmar alunos em defasagem idade /conhecimento. Em poucos anos percebemos que os alunos que permaneciam nestas turmas por mais tempo configurando espaços de exclusão, eram os alunos com deficiência. O coletivo de professores, a partir de leituras e discussões, formulou o projeto “Docência Compartilhada”. A escola organiza-se desde 2006 priorizando o atendimento destes alunos com uma proposta de docência compartilhada, ou seja, os alunos estão em todas as turmas, porém onde existe uma concentração de mais de 3 alunos com deficiência organizamos para que dois profissionais atuem conjuntamente como professores referência. Existe um compromisso do coletivo de professores no acolhimento da proposta de educação inclusiva. Neste sentido já faz parte do nosso cotidiano o planejamento diversificado pensando em todos os alunos e nas condições de aprendizagem de cada um. 

A professora de EF está na escola há 15 anos e atualmente, o desafio tem sido perceber o limite de cada um e saber até onde estimular e procurar formas de participarem das atividades propostas para todos e quais atividades afinal são possíveis de serem realizadas de forma que todos possam se desenvolver em suas diferentes possibilidades. “Sinto que estou mais preparada para acolher e trabalhar com as diferenças, e o curso trouxe a certeza de estar no caminho certo.”

Em cada turma do I ciclo, temos 2 alunos com deficiência e TGD e os planejamentos foram mais voltados à inclusão na EF também. Algumas mudanças no horário, como ter a Itinerante ou a estagiária em algumas turmas garantiu a maior participação de todos os alunos.

O grande objetivo era aumentar o tempo de participação dos alunos com deficiência nas aulas. Também queríamos proporcionar reuniões de estudo sobre Inclusão, qualificando nossas práticas pedagógicas socializando o material disponibilizado pelo Curso de Educação Física Inclusiva do Instituto Rodrigo Mendes. 

A primeira estratégia pensada envolveu o planejamento da Educação Física, organizando a aula com foco em atividades onde todos os alunos estejam se socializando, jogos e brincadeiras coletivas mescladas com exercícios e vivências motoras individuais, muitas atividades com música e entrelaçamentos com os projetos de estudo das turmas. 

As dificuldades encontradas no desenvolvimento do projeto fazem parte do processo de inclusão para todos. Em alguns momentos as crianças estão mais disponíveis e em outros não, portanto é preciso insistir na participação dos alunos com deficiência correndo junto, segurando a mão ou sentando-se com o aluno no colo e fazendo com ele um apoio para seu corpo. Em relação ao estudo, foi bem recebido, mas na prática tivemos pouco tempo para a troca de experiências. Ficamos com o compromisso de continuar. 

A Escola é organizada de forma a oportunizar a inclusão de todos, por isso o projeto teve o apoio da Direção no momento de organizar um horário que me oportunizasse a liberação durante o curso, assim como a parceria com a coordenação pedagógica e a itinerante, fazendo o curso e estudando a história dos alunos.

A parceria, a troca e o apoio entre as Professoras de Ed. Física e Itinerante só acontece de acordo com o que se vivencia, objetivos em comum, possibilidades, metas a serem atingidas. 

Saber que todos podem aprender, mas de maneiras diferenciadas, dentro de suas possibilidades é o que vivenciamos, e temos a certeza, que pequenos desafios, quando alcançados durante a nossa prática podem produzir resultados positivos. As principais mudanças depois do projeto se refletem em mais certezas de estarmos no caminho certo para uma educação inclusiva.

 

Participante do projeto Portas abertas para a inclusão – 2013

 

Cláudia Maria da Cunha

Márcia Loguércio

Rita Patrícia Schorn.

Deixe um comentário