Sabemos que a tendência, na maior parte das escolas, ainda é manter um mesmo currículo para os “alunos em geral” e pensar em adaptações para os estudantes com deficiência ou outros cujas características diferem da maioria. Como se os “outros” não fossem diferentes entre si também. A educação inclusiva parte do pressuposto de que a diferença é uma característica humana – ou seja, somos todos diferentes – e, sendo assim, o processo de aprendizagem de cada pessoa é singular. Por isso, um currículo fundamentado na perspectiva inclusiva precisa, além de estar alinhado com a Base nacional comum curricular (BNCC), dialogar com as particularidades sociais, culturais, regionais e os diferentes modos de aprender de cada um dos estudantes. Não se trata de adaptar o conteúdo curricular a fim de reduzi-lo para somente alguns alunos, mas, sim, de flexibilizá-lo para que todos se reconheçam nele e sejam protagonistas do próprio processo educacional.
Mas como fazer isso? Recorrendo aos saberes da própria comunidade escolar. As respostas a esta outra pergunta “Como fazer adaptações curriculares para alunos com deficiência intelectual?” sobre esse mesmo assunto evidenciam a importância de envolver a escola toda – a gestão escolar, profissionais docentes e não docentes, voluntários, parceiros, famílias e os próprios estudantes, com e sem deficiência – no processo contínuo de elaboração de um currículo inclusivo.
É importante considerar que a formação continuada não tem a ver, necessariamente, com um saber que vem de fora para dentro da escola. Muitas escolas vêm alcançando resultados significativos a partir da criação de espaços internos de discussão e aprendizado mútuo ou até do melhor uso da hora de trabalho pedagógico coletivo (HTPC), priorizando questões relativas ao papel da escola e de como isso se traduz cotidianamente em sala de aula em detrimento de aspectos burocráticos. Por isso, sugerimos que vocês instituam espaços coletivos de formação na rotina da própria escola para discutir, entre outras coisas, a questão do currículo. Selecionamos, inclusive, algumas referências, diretamente relacionadas à sua pergunta, que podem servir como ponto de partida:
– A concepção de currículo na perspectiva inclusiva e algumas perguntas frequentes sobre o assunto
– Por que é importante entender a diferença entre adaptar e flexibilizar o currículo e como o currículo influencia na construção de um planejamento pedagógico inclusivo
– Por onde começar a se especializar em educação inclusiva, qual o preparo necessário para incluir estudantes com deficiência e qual o papel da escola em situações em que há hipótese de diagnóstico de deficiência
Esperamos que essas referências (veja todos os links embutidos no texto) possam subsidiar discussões relevantes em sua escola, possibilitando, entre outras coisas, a construção de um currículo capaz de potencializar a participação, a aprendizagem e o pleno desenvolvimento de todos os estudantes, sem exceção.
Conte-nos mais sobre isso e continue participando da comunidade. Você é muito bem-vinda aqui. 🙂