Olá! Somos o Núcleo mobilizador, um grupo formado por estudantes com e sem deficiência, educadores, gestores escolares, militantes e especialistas em educação inclusiva cujo principal objetivo é representar a Comunidade DIVERSA.
Os pontos abaixo foram levantados durante nosso último encontro, no dia 7 de junho e esperamos que possam contribuir com reflexões e propostas no debate acerca do papel do profissional de apoio.
Levando em conta a razão de ser da escola, a responsabilidade dos profissionais que nela atuam não deveria ser somente de cuidado e proteção, mas principalmente de desenvolvimento com ênfase na aprendizagem dos alunos. E como esse desenvolvimento se dá na relação com o grupo, acreditamos que a atuação da equipe não deveria estar voltada a um único estudante. E, portanto, do profissional de apoio também não. Será que, ao invés de estar vinculada a uma ou outra criança, o apoio não poderia estar voltado à gestão escolar e/ou aos professores, de modo que suas práticas se deem no sentido de potencializar a participação de todos os alunos? Afinal, como costumamos dizer, o estudante é responsabilidade de toda a escola. É importante esclarecer, no entanto, que, apesar da sugestão acima explicitada, concordamos que as diversas possibilidades de atuação desse profissional devem ser discutidas em cada contexto.
Constatamos que, na prática, alguns educadores tendem a assumir, delegar ou isentar-se de responsabilidades ao invés de compartilhá-las. Principalmente quando se trata de estudantes com alguma característica diferente da maioria ou de um padrão idealizado como “normal”. É o caso dos alunos com deficiência, que costumam ser vistos como de responsabilidade exclusiva do profissional de apoio, ou do professor do AEE, ou daquele professor que “sabe como lidar”. Situações como essas ocorrem por diversos motivos. Entre eles, a sensação de despreparo de muitos educadores, que continuam acreditando na existência de um saber pronto sobre como trabalhar com um aluno com base em seu diagnóstico. Trata-se de uma tendência no contexto da escola: a expectativa da “receita de bolo” – do tipo para adoçar, ponha açúcar. A busca por “fórmulas”, modelos, enfim, respostas rápidas e prontas é um fenômeno da atualidade. Prova disto é o google. Não queremos perder tempo. Preferimos ir direto ao ponto. Buscamos objetividade. Certezas. Como resultado, reproduzimos informações, procedimentos, métodos. Repetimos o que sempre foi dito e feito. E, portanto, continuamos excluindo.
Precisamos, urgentemente, aprender a nos expor à experiência e, portanto, à incerteza. Abrir a discussão, suscitar outras/novas perguntas que nos façam pensar. Pensar juntos.
Afinal, já sabemos, por experiência, que, no contexto da escola, modelos pré-formatados tendem a empobrecer o processo de ensino-aprendizagem. E que não existe uma “técnica” para ensinar estudantes com autismo, ou um “material pedagógico ideal” para quem tem Síndrome de Down, ou um profissional de apoio que “preparado para lidar” com uma criança com deficiência intelectual. No contexto da educação inclusiva, o preparo de qualquer profissional da escola que atua junto aos alunos, com e sem deficiência, é resultado da vivência e da interação cotidiana com cada um deles dentro do grupo.
Assim, a definição dos respectivos papéis para o estabelecimento de uma dinâmica de trabalho colaborativa também só pode ocorrer internamente, com a participação de toda a comunidade escolar, tomando como referência as características e vislumbrando o desenvolvimento integral de cada um dos estudantes que a compõe. Não numa perspectiva generalista. Mas levando em conta as particularidades de cada um, de modo que ninguém fique para trás.