Olá Lucia Maria, diante de suas indagações sobre a temática abordada e das indicações de leituras e experiências de vários relatos e referencias que Raquel Paganelli lhe informa para auxiliar a fortalecer e ampliar a busca para melhores resoluções e iniciativas, enquanto professora de AEE, gostaria de corroborar com mais um relato de experiência pedagógica.
Para que você saiba que é possível rever e reverter esta situação. Situação que para mim enquanto educadora retratam ações desumanas e insensatas de algumas pessoas que atuam em um sistema educacional que precisa rever suas atribuições e atuações na atual realidade do que possa ser a educação inclusiva. Esse ano estou atuando no atendimento de 03 alunos com Transtorno do espectro Autista (TEA). Destaco o relato pedagógico que promovo e vivencio de um dos alunos, vou denomina-lo de “ESPERANÇA”, no sentido para definir três sinônimos para essa palavra: “expectativa, confiança e possibilidades”. Sinônimos que retratam o perfil desse aluno atualmente, onde o mesmo está finalizando o ensino fundamental II e ano que vem estará iniciando o ensino médio em escola comum pública estadual. Esperança tem 14 anos, está no 9º ano, frequenta o ensino comum e o Atendimento Educacional Especializado (AEE) há três anos. Anos anteriores na educação infantil, estudou em escolas municipais, a mãe relata que foi nessa época que começaram a surgir as evidências de seu transtorno, o aluno se isolava de todos, não conseguia acompanhar o processo pedagógico junto com sua turma. Apresentou um comprometimento motor em ambas as mãos, e infelizmente também não teve a devida atenção e integração diante de suas dificuldades.
Então sua família resolveu mudar de escola, e matricularam em uma escola particular. Onde cursou do 1º ao 6º ano, sua família relata que nessa escola, o aluno era incentivado a participar de todas as atividades, principalmente as lúdicas, teatro, dança etc. A queixa da família foi a dificuldade da escola trabalhar as questões pedagógicas, como a escrita e leitura. Então, Esperança mudou de escola novamente e foi frequentar uma escola pública comum onde atualmente está finalizando o ciclo II. Sendo assim, desde que iniciou no 7º ano na escola comum, onde foi recebido com muita atenção teve atendimento do AEE, mesmo não tendo um laudo médico que o avaliasse com quadro compatível de TEA. A equipe escolar procurou realizar um trabalho diferenciado e acolhedor para o aluno, para que o mesmo pudesse se sentir pertencido ao ambiente escolar. Começou a se envolver com o processo de aprendizagem da escrita e leitura, mesmo com todas as dificuldades, e no ano de 2018, enquanto professora especialista de TEA assumi a sala de AEE onde procurei desenvolver com Esperança um trabalho pedagógico que pudesse fortalecer ainda mais seu potencial e integrar possibilidades de adaptações de todas as disciplinas (informando e auxiliando os professores sobre suas dificuldades e potencialidades, junto com a coordenação) que o aluno realiza dentro de sua série e ano, e maior integração com a família. E com ajuda de uma amiga psicóloga foi realizado o exame: neuropsicológico solicitado pelo médico neurologista que o acompanha, Esperança recebeu em maio de 2018, um laudo médico com quadro de TEA. Relatório médico que poderá auxiliar a melhorar seus direitos adquiridos por lei. Enquanto professora de AEE junto com a coordenação, estamos realizando uma mediação com a escola vizinha onde Esperança frequentará o ensino médio em 2019, para que a mesma possa se adaptar para recebe-lo e continuar a estimula-lo e valorizar seu potencial dentro de suas limitações.
Pois, Esperança atualmente está muito falante, todo bimestre é indicado como aluno destaque da sala, adora a escola e realiza trabalhos em grupo com seus amigos e projetos no (AEE) como da Festa Junina, projeto Copa, Jardim Sensorial, curta metragem, onde foi o protagonista e fortaleceu o gosto pela fotografia, dizendo que pretende ser fotografo e está sendo estimulado pela família. Também realiza o Projeto de leitura compartilhado com a família, onde o aluno já leu 10 livros e se apaixonou pela coleção de Monteiro Lobato. Bem frequentar a escola para Esperança é sua maior felicidade. Planos? Esperança tem muitos. Frequentar ensino médio a faculdade e ser fotógrafo. Identifico que o resto dessa história ainda está para ser contada. Vamos aguardar…
Lucia Maria, resolvi responder no fórum seu questionamento em forma de relato sobre a história de vida do aluno Esperança, para que a mesma possa fortalecer sua esperança e acreditar que é possível sim, alunos que apresentam deficiências serem inseridos e respeitados nas escolas dentro de suas limitações e possibilidades para que possam fortalecer suas potencialidades, enquanto crianças, jovens, para serem adultos produtivos e respeitados com dignidade em nossa sociedade. É triste ler seu relato quando você informa que retrocederam a série dessa criança, isso é péssimo para o desenvolvimento cognitivo e social desse aluno. É a escola que deveria programar e propor ações que pudessem adaptar ao perfil aprendente de seu sobrinho, independentemente de sua série. Proponho que busque auxilio no Ministério Público, Defensoria Pública e Secretaria da Educação. Abraços.