Pesquisa revela que direito à educação inclusiva é uma preocupação da população paulistana

Estudo avalia a percepção dos moradores da cidade de São Paulo sobre qualidade de vida das pessoas com deficiência

Criar medidas que garantam que todas as crianças com deficiência estejam matriculadas em creches e escolas é a segunda maior preocupação da população da cidade de São Paulo para melhorar a qualidade de vida das pessoas com deficiência.

A avaliação faz parte da pesquisa “Viver em São Paulo: Pessoas com Deficiência”, realizada pela Rede Nossa São Paulo em parceria com o Ibope Inteligência. O estudo, apresentado no SESC Santana no dia 11 de dezembro, é o último da série “Viver em São Paulo”, realizado desde 2018. Os dados apontam a percepção da população a respeito de temas relativos à qualidade de vida na cidade de São Paulo.

Em relação à pesquisa de 2018, o percentual de pessoas que valorizam a garantia de que todas as crianças com deficiência estejam matriculadas em creches e escolas aumentou de 8% para 12%, sentença que foi a segunda mais votada dentre várias alternativas sobre cultura inclusiva. Somado a isso, a preocupação com a necessidade de construção de escolas especiais para estudantes com deficiência apresentou uma queda percentual em comparação ao ano passado de 13% para 8%.

 

Ao lado direito de palco, homem está em pé atrás de um púlpito com o logo do Sesc. Ao fundo do palco, telão exibe capa  da pesquisa "Viver em São Paulo: Pessoa com Deficiência". Fim da descrição.
Jorge Abrahão, coordenador da Rede Nossa São Paulo, abre o evento

Para Katia Cibas, da equipe de formação do Instituto Rodrigo Mendes, esses dados demonstram uma maior conscientização da população sobre a educação ser um direito de todas e todos, além de refletir o trabalho que está sendo realizado pelas escolas. 

Segundo a educadora, a presença de estudantes com deficiência faz com que a escola passe por mudanças, sendo necessário revisitar atitudes, metodologias, apoios pedagógicos, parcerias e participação das famílias.

“Essa transformação reflete na sociedade, que também passa a rever seus valores e se preocupar em garantir que todas e todos usufruam de seus direitos”.

Outros dados apresentados pela pesquisa

A principal medida apontada pelos moradores da cidade de São Paulo para melhorar a qualidade de vida de pessoas com deficiência é garantir a acessibilidade dos espaços físicos. Em relação a isso, as estações de metrô foram os ambientes mais bem avaliados, enquanto ruas e calçadas receberam as piores notas.

A pesquisa também revelou que duas em cada dez pessoas têm alguma convivência com pessoas com deficiência. Além disso, 46% dos entrevistados já sofreram e/ou presenciaram preconceito contra pessoas com deficiência.

Levando em conta o estudo realizado em 2018, o percentual da população que percebe as pessoas com deficiência utilizando o transporte público aumentou, e o local que mais possibilita o contato com pessoas com deficiência são os hospitais e postos de saúde.

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Além da apresentação da pesquisa, o evento contou com uma mesa de debate com Cid Torquato, secretário Municipal da Pessoa com Deficiência, José Antônio Araújo, conselheiro Municipal de Trânsito e Transporte, e Mila Guedes, que atua em pautas de mobilidade e gênero para a pessoa com deficiência. Os três discutiram os resultados da pesquisa, os avanços em acessibilidade para as pessoas com deficiência na cidade e os desafios que ainda precisam ser enfrentados. 

 

Em palco, cinco pessoas estão sentadas lado a lado segurando microfone. Três delas estão em cadeiras de rodas. Do lado esquerdo, há uma mesa com dois copos de água. Ao fundo do palco, telão exibe capa  da pesquisa "Viver em São Paulo: Pessoa com Deficiência". Fim da descrição.
José Antônio Araújo, Cid Torquato e Mila Guedes participam de debate

Os participantes levantaram a questão de que as respostas da parcela que não convive com pessoas com deficiência diferem daquelas que convivem. Eles acreditam que as avaliações de acessibilidade não teriam sido tão positivas se a pesquisa tivesse sido realizada apenas com pessoas com deficiência. Mila Guedes destacou o incômodo que sentiu com o local de maior convívio da população com pessoas com deficiência ser percebido em hospitais: “será que ainda não saímos do modelo médico e avançamos para o modelo social?”, questionou.

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