Três estratégias para envolver alunos com e sem deficiência no estudo de música

Não basta escutar: pensar, sentir e produzir sobre canções e obras instrumentais são habilidades importantes para todos os alunos e fundamentais para a inclusão

Um xilofone com teclas coloridas sobre uma mesa de madeira.Cantar, dançar, tocar, sentir ou ouvir: não existe uma única maneira possível de se relacionar com as músicas e, por isso, elas fazem parte da vida de todas as pessoas e podem ser grandes aliadas no trabalho inclusivo em sala de aula. “Por ser um instrumento de socialização, contribui com o processo de inclusão de modo bem natural em sala de aula”, afirma Ezio Ferreira de Almeida, professor na rede particular de São Paulo (SP).

Além da possibilidade de abordar a música usando diversos sentidos e não apenas a audição (leia mais sobre isso abaixo), há outros fatores importante que a tornam uma matéria-prima rica para um trabalho inclusivo, que respeita as características e os interesses de cada criança. O primeiro é que a variedade de instrumentos permite que os estudantes possam descobrir qual os interessa mais. Há texturas, cores, tamanhos, pesos e modos de funcionar completamente diferentes entre si. “Numa aula de musicalização por exemplo não existe certo ou errado e sim maneiras diferentes de realizar cada exercício. Isso torna o grupo muito coeso, pois o ambiente da aula é seguro e acolhedor, e todos acabam se envolvendo, sem constrangimentos ou defesas”, destaca Almeida.

Sentir o ritmo

As batidas do coração são a principal referência rítmica de todos os seres humanos. Além delas, outros gestos — que não demandam apenas a audição — também falam sobre ritmo: da frequência com que se bate em teclas de piano ao número de “sopros” que fazemos ao tocar um instrumento. Observar todos esses fatores pode ser importante para compreender como funcionam as batidas da músicas também. Foram essas estratégias que possibilitaram que o jovem Jederson, de Belém (PA), tocasse tuba em um espetáculo musical feito pela escola. Leia a íntegra do relato sobre esse trabalho.

Música para ler e assistir

Há muitos aspectos ligados à música que não dizem respeito apenas à musicalidade. Ao trabalhar com essa arte, é importante que os alunos reflitam sobre diversos aspectos sociais e históricos que envolvem as diversas produções musicais. Isso pode ser feito com base em textos, vídeos e materiais de diversos formatos. Um bom caminho para isso é promover uma abordagem interdisciplinar, em cooperação entre professores de diversas disciplinas e também profissionais do atendimento educacional especializado (AEE), que podem ajudar a pensar em maneiras de garantir que todos os estudantes tenham acesso ao currículo. Foi a estratégia utilizada pela EMEF Raposo Tavares, em Barueri (SP). Além de poder ouvir e sentir a música — pela vibração de instrumentos e caixas de som —, os estudantes realizaram pesquisas na internet para saber mais sobre os diversos gêneros e artistas. Leia a íntegra do relato sobre esse trabalho.

Falar e se expressar

Outra estratégia interessante é deixar que os alunos também expressem — usando diversas linguagens — suas experiências pessoais com produções musicais. Uma estratégia é propor que todos ouçam uma música (ou acompanhem seu ritmo sentindo as vibrações de uma caixa de som potente) e depois conversem sobre suas impressões. Vale fazer exposições orais, produções textuais, desenhos e danças para falar sobre as impressões. “Procuro trabalhar sempre o mesmo conteúdo para todos. Quando vejo necessidade, adapto a atividade para cada criança, pois todos são capazes de aprender, porém cada um tem seu tempo e é muito importante respeitar isso em cada aluno, tenha ele deficiência ou não”, diz Almeida. Leia, no portal NOVA ESCOLA, uma sugestão de trabalho.

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