Jogo de pique bandeira em tabuleiro auxilia multiletramento de crianças

A alfabetização se dá por meio da perda e ganho de hipóteses. Por exemplo: se você dita a palavra “sol” a uma criança, ela fará um desenho do que o termo representa. Mais à frente, ela perde a hipótese de que “sol” é uma figura e entende que pode escrever usando letras. Mais adiante, ela percebe que deve usar determinadas letras, não qualquer uma. E assim, desconstruindo para em seguida construir, ela se alfabetiza. O Pique bandeira de tabuleiro é um material pedagógico lúdico que auxilia os estudantes nesse jogo de hipóteses.

O recurso é composto por uma placa de papelão marcada por caminhos geométricos, onde os jogadores movimentam peças feitas de tampinhas de adoçante. O objetivo do jogo é levar o peão-bandeira, localizado no campo adversário, para seu próprio lado do tabuleiro. Quando isso acontece, luzes e sons são acionados para informar o término da brincadeira.

Utilizei o material na turma de 2º ano na qual eu lecionava na Escola Municipal Doutor Ely Baiense Vailante, em Mesquita (RJ). Cerca de 30 alunos participaram da atividade, incluindo uma criança com autismo, outra com transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) e duas com dificuldades de aprendizagem. Durante a dinâmica, as partidas eram disputadas por dois times com quatro pessoas cada, nos quais todos se revezaram para participar.

 

Multiletramento

O perfil da classe era bem variado. Alguns estudantes já liam, escreviam e contavam com facilidade, mas outros ainda não haviam alcançado esses objetivos. Por isso, aproveitei para usar o Pique bandeira de tabuleiro a partir da lógica do multiletramento, entendendo que oralidade, escrita e leitura estão conectados com a contagem.

A atividade aconteceu da seguinte forma: após jogar um dado, que contava com marcações em braile, os alunos deslocavam sua peça pelo tabuleiro de acordo com o número retirado. Solicitei que contassem em voz alta e que expressassem suas dúvidas com relação às regras como forma de incentivar a oralidade. O trabalho com a lateralidade esteve presente com o deslizamento dos peões sobre o jogo.

 

Colaboração

A colaboração esteve presente o tempo todo. Não houve competição, uma vez que as crianças já tinham um bom convívio. Os estudantes que apresentavam alguma dificuldade contaram com a ajuda de colegas. Assim, o Pique bandeira de tabuleiro serviu para reforçar a boa interação entre eles.

O resultado da atividade foi um grande ganho para a turma. De vez em quando, eles discutiam, contestando o que estava dentro da regra e o que não estava. A partir daí, surgiam as discussões. Isso é importante, pois indica que os alunos praticaram a questão oral do texto, de discutir as regras do jogo.

 

Tecnologia do Pique bandeira de tabuleiro

As crianças gostaram muito do material pedagógico, principalmente da parte eletrônica. Era emocionante quando a luz acendia. O Wallace, garoto com TDAH, ficou bem interessado. Ele participou ativamente, conseguindo compreender as regras do jogo e, assim, seguir a dinâmica.

Acho muito importante o uso desse tipo de recurso nas práticas escolares. Os estudantes fazem parte de uma geração que coexiste com esse tipo de tecnologia e, por isso, sentem-se estimulados. Nesse caso, o Pique bandeira de tabuleiro foi pensado para ser acessível, pois conta com som e braille para quem tem deficiência visual e luz para quem não escuta. Além disso, sua materialidade pode ajudar aqueles que têm deficiência intelectual.

A educação pautada apenas pelo lápis, pelo papel e pelo quadro é insuficiente para garantir uma vivência positiva das crianças na escola. O uso do recurso em sala de aula provou que a tecnologia pode andar de mãos dadas com a prática pedagógica.

Aprenda a construir o Pique de tabuleiro interativo

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