Projetos e grupos: princípios fundamentais para a Escola da Ponte

Em junho de 2012, a equipe do projeto DIVERSA teve a oportunidade de visitar a Escola da Ponte, em Portugal. O objetivo era conhecer de perto o projeto pedagógico e as práticas desenvolvidas na instituição. Para isso, foi realizada uma entrevista com coordenadora da escola, Ana Moreira. Seguem, abaixo, trechos dessa entrevista onde ela explica dois importantes conceitos para a Escola da Ponte: os projetos e os grupos.

O conceito de projeto, para nós, tem a ver, de fato, com a presença de um quadro de referência que sustenta a própria organização pedagógica e administrativa. Todos os conteúdos que estão na escola têm por trás um projeto, que traduz os princípios orientadores da Escola da Ponte, como: a oferecer conteúdos diversificados para cada criança; haver uma política de educação ambiental dentro da escola; promover a cidadania… Esses princípios orientadores vão permitir que haja cooperação, solidariedade, trabalho em equipe, responsabilidade – um conjunto de conceitos que nós consideramos fundamentais promover nas crianças.

É evidente que há também um conjunto de suportes organizacionais para que esse projeto se desenvolva dentro da escola. São, por exemplo, o contrato de autonomia reconhecido pelo Ministério da Educação, que permite que a escola seja reconhecida com sua própria especificidade e tendo seu projeto específico. Além disso, há os órgãos que compõe a escola, que são os promotores do projeto e se organizam em função desse projeto: Conselho de Projetos, Conselho de Direção, Conselho de Gestão e o órgão máximo da escola, que é o Conselho de Pais. É ele quem toma as grandes decisões. […]

Já o grupo, nós o entendemos como uma dinâmica social que acontece dentro da escola. Para nós, ele é importante dentro dos princípios de cooperação, solidariedade, colaboração, ao promover tudo isso. E ele promove esses princípios pela heterogeneidade, por suas características heterogêneas.

Se estivermos a falar de grupos de alunos que estão reunidos do ponto de vista homogêneo, não estamos de fato promovendo a inclusão de ninguém. Estamos criando a cristalização: bons alunos, médios alunos, fracos alunos… O que se procura na Ponte é que os grupos heterogêneos sejam também uma forma de ultrapassar essas dificuldades. O que temos aqui são sempre vários grupos. Estamos sempre a falar do coletivo, numa escola que decide no coletivo, seja no pequeno ou no grande grupo, desenvolvendo uma responsabilidade sobre aquilo que é de todos. É meu, mas é de todos. O mesmo acontece com os professores e os pais.

Portanto, há sempre o conceito de interajuda e da corresponsabilização de todo o projeto.


Ana Moreira é coordenadora da Escola da Ponte em Portugal.

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